Voar cansa, por isso corro em passos de dança... Criando...Vivendo mais vidas além da minha, com meus personagens... Minha vida; um palco de cortinas abertas!
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
(...)
MÚSICA CALMA, TÍMIDA E TRISTE. ENTRA O INOCENTE COM ROUPA DE PRISIONEIRO E SE SENTA PRÓXIMO AO MEIO DO PALCO NA LINHA DA CORTINA ONDE ENTRA INOCÊNCIA ANDANDO LENTAMENTE E PUXANDO UMA GRADE DE CELA DE PRISÃO QUE VAI DE UMA LADO AO OUTRO DO PALCO, ELA SAI PELA COXIA, ELE SEGURA NA GRADE, ELA ENTRA NA FRENTE DA GRADE E VAI ATÉ ELE, DIVIDINDO O MEIO DO PALCO
INOCENTE- (SUSPIRA)
INOCÊNCIA- ( SENTA) Como vai, meu amigo?
INOCENTE- Vou onde? Não tenho como sair daqui e nem ao menos sei o que eu fiz para ser jogado aqui e trancado feito um animal...( CHACOALHA A GRADE COMEÇA A CHORAR, ABRAÇA AS PERNAS E ABAIXA A CABEÇA, LEVANTA A CABEÇA PARA FALAR E TORNA A ABAIXAR) Por que, Inocência? Me diga, por que?
INOCÊNCIA- ( PASSA A MÃO ENTRE OS ESPAÇOS DA GRADE E ACARICIA O CABELO DELE) Meu amigo... Não fique assim, por favor! Isso acaba comigo. Sabe que eu detesto vê-lo você desta maneira...( HOUVE UM BARULHO E SE ESCONDE)
ENTRA O ROBOZINHO E O CEGUETA SENDO PUXADO POR ELE.
ROBOZINHO- Para trás! ( DIRIGINDO-SE AO INOCENTE QUE NEM SE MEXEU) Ande logo, já mandei ir para trás! Não vai obedecer ( BATE NA GRADE, INOCENTE SE ASSUSTA E OBEDECE, ELE PUXA O CANTO DA GRADE ABRINDO-A UM POUCO, JOGA CEGUETA LÁ DENTRO E FECHA A GRADE NOVAMENTE)
CEGUETA- Por que vim parar neste lugar?
ROBOZINHO- E ainda pergunta? Por existir! Não valoriza a vida, fica bebendo feito um camelo. Não merece viver, mas como não posso o matar, vai ficar aí pra sempre, até morrer!
CEGUETA- Não, por favor, não!
ROBOZINHO- Fique calado aí que faz melhor! Seus grito vão acabar estourando meus parafusos e me desregulando. ( OLHA O INOCENTE CHORANDO) E você, pare com esse choro, é inútil. O que você fez não tem preço! Tem mais é que apodrecer neste lugar!
INOCENTE-( SE LEVANTA E VAI ATÉ A GRADE, OLHA NOS OLHOS DO ROBOZINHO) Mas me diga o que foi que eu fiz? Não sou criminoso, nunca matei, nunca roubei, nem bebo ao menos. Sou homem casado, minha mulher Confiança precisa de mim! (AJOELHA) Eu imploro, me solte!
CEGUETA- ( TIRA UM FRASCO DE BEBIDA QUE CONSOME INTEIRO NA HORA, JOGA-O NO CHÃO E REPETE O GESTO E A FALA DE INOCENTE) Eu imploro que me solte também!
ROBOZINHO- Quietos! ( VIRA PARA A PLATÉIA, FALA ANDANDO PELO PÚBLICO E QUANDO ACABA SAI PELA ENTRADA DO TEATRO) Eu fui ensinado, treinado e praticamente programado para pegar o homem na sessão jurídica e trazê-lo para este lugar. Eu não posso discordar de uma decisão. Faço o que deve ser feito perante à lei. Não conheço os motivos que os tazem aqui e tento saber o mínimo possível sobre o passado de vocês, criminosos, ameaças ao homem e a sociedade, pois sei que tudo que eu souber pode me influenciar a seguir um caminho para o qual não foi programado a seguir. Se me falarem prenda, eu prendo. Se me mandarem matar eu mato. Se ordenarem que eu lute pela minha pátria correndo o risco de perder a vida, eu luto e dou minha alma pela política e pela lei. Eu compro ordens, nada mais que isso...
VENDO QUE ELE SAI DE CENA, INOCÊNCIA RETORNA AO PALCO, NOVAMENTE EM FRENTE A GRADE DA CELA
INOCENTE- ( PARA A PLATÉIA) Eu nunca vou sair daqui... (PARA INOCÊNCIA) Inocência, cuide de minha mulher por mim, já que não há jeito de eu ser livre de novo.
INOCÊNCIA- Não diga isso e tambem não peça coisas que não estão ao meu alcance realizar, eu quero cuidar de você, o dia de eu cuidar dela vai chegar antes do que espera, enquanto isso me deixe ficar ao seu lado. Ela, vai se virar sozinha, te garanto isso.
INOCENTE- Mas você é minha amiga e amiga dela tambem, como pode me negar ajuda?
INOCÊNCIA- Não estou negando nada à você, querido. Estou negando à ela essa ajuda, porque sei que não é o que devo fazer agora. Além disso, eu sou dona de mim mesma, mas não sou dona do meu coração.
CEGUETA- Como pode? Acabou de se contradizer...
INOCÊNCIA- Não sei explicar de alguma forma melhor...(SUSPIRA)
INOCENTE- O que quer dizer com tudo isso? (CONFUSO)
INOCÊNCIA- Quero dizer que o que não posso. Não me faça mais perguntas, vou acabar falando o que não devo ... ( OS DOIS SE DISTRAEM ENQUANTO ELA FALA COM A PLATEIA) Sei que vocês entendem o que eu digo e o que eu não digo tambem, mas não posso explicar isso à ele. Já sofro demais com esse sentimento dentro de mim e sabendo que um dia vou levá-lo embora daqui e então nunca mais o verei, não quero que ele sofra com isso, ou pior, que deixe de ser meu amigo. Acho que eu morreria se esse inoscênte ficasse com raiva de mim e por isso se auto-corrompesse. São poucas as pessoas assim na nossa sociedade. E se eu acabasse com uma dessas pessoas por uma ilusão boba? Não posso... Estaria me levando embora, o que é impossível. Estaria me matando aos poucos. ( SOBE ALGUNS DEGRAUS DA PLATEIA E ESCOLHE UMA PESSOA PARA 'DIALOGAR') Como você se sentiria acabando com quem ama e consigo mesmo(a)? É como um auto-suicídio, mas que você não morre e sim carrega o outro para o precipício em seu lugar... ( VOLTA PARA O PALCO, INOCÊNTE SE APROXIMA DELA NA GRADE, ELA SEGURA A MÃO DELE, BEIJA-O NO ROSTO E SAI- TUDO COM A MÚSICA INICIAL DA CENA)
(...)
(Vivi Louhrinci )